O mercado de trigo no Sul do Brasil segue pressionado pela grande oferta da safra passada e pela cautela dos produtores quanto à nova safra. Segundo a TF Agroeconômica, no Rio Grande do Sul, o plantio da safra 2024 está estagnado em 40% da área estimada de 950 mil hectares, abaixo de 1 milhão de hectares, como já vinha sendo previsto pelo setor. As chuvas dificultaram os trabalhos de campo, embora tenham sido parcialmente retomados nesta quarta-feira.
No mercado da safra velha, junho terminou com preços estáveis e pouca movimentação. Os moinhos gaúchos têm julho e parte de agosto cobertos, o que reduz o ritmo de compras. Negócios pontuais ocorreram a R\$ 1.300,00 para trigo de boa qualidade e localização média, com embarque em julho e pagamento em agosto. Já lotes premium do norte do estado chegaram a R\$ 1.320,00 para moinhos catarinenses. A disponibilidade ainda é elevada: estima-se que havia 360 mil toneladas no estado até 30 de junho, com expectativa de 130 mil toneladas remanescentes até o fim de outubro.
Em Santa Catarina, os moinhos priorizam a compra de trigo gaúcho de melhor qualidade, mas muitos ainda estão escoando estoques. Preços da safra velha variaram entre R\$ 1.330,00 e R\$ 1.500,00 FOB, dependendo do tipo e origem. Houve redução estimada de 20% nas vendas de sementes e a Conab prevê queda de 6,3% na produção, mesmo com aumento de área plantada, devido à menor produtividade.
No Paraná, os negócios estão praticamente parados, com produtores pedindo R\$ 1.500 FOB, enquanto compradores oferecem até esse valor CIF. A grande oferta de trigo importado — cotado entre R\$ 1.425,00 e R\$ 1.507,00 conforme a origem e localidade — deve sustentar o abastecimento até a chegada da nova safra. O preço médio na pedra recuou 0,89%, para R\$ 77,68/saca, pressionando a margem de lucro dos produtores, agora em 5,64%.