A Semana Internacional do Café (SIC) reflete o bom momento do setor, mesmo em meio a desafios como as tarifas impostas às exportações e a queda recente nas vendas globais. O evento deste ano cresceu 50% em espaço e mais de 30% em número de expositores, reunindo lideranças de toda a cadeia e reforçando o posicionamento do Brasil como protagonista no mercado mundial.
“O que a gente vê é uma SIC maior, com um mercado superunido, todas as entidades falando a mesma língua, consolidando essa imagem de um Brasil sustentável, que tem preocupação com o meio ambiente e que entrega resultados reais”, afirma Caio Alonso Fontes, CEO da Espresso&Co, uma das organizadoras do evento.
Segundo Fontes, a feira é um retrato fiel da força do setor. “Economicamente falando, uma feira nunca é maior que o mercado — ela reflete o que ele é. E hoje o mercado do café brasileiro mostra crescimento e organização”, explica.
Além do crescimento físico, o CEO destaca que o evento espelha uma mudança mais profunda: a maturidade institucional da cadeia produtiva. “O setor está mais coeso do que nunca. As cooperativas, as entidades e a indústria estão realmente falando a mesma língua, com uma visão de longo prazo. Isso faz toda a diferença para fortalecer o posicionamento do Brasil lá fora”, observa.
TARIFAÇO
Um dos temas mais comentados na feira foi o tarifaço aplicado a produtos brasileiros por parte dos Estados Unidos e que afetou em cheio o mercado cafeeiro do Brasil — mas também gerou reflexos do outro lado.
Segundo Fontes, a medida acabou pressionando a própria indústria americana, que viu o café pesar mais no bolso do consumidor e reacender o debate sobre origem e custos de produção. “Os americanos começaram a entender de onde vem o café deles, porque a inflação lá é puxada pelo café. É curioso ver essa virada de percepção”, comenta.
Caio Alonso Fontes, diretor de planejamento da Espresso&Co
Impactadas diretamente pelas tarifas, as exportações brasileiras de café deverão cair cerca de 20% em 2025, ficando entre 40 e 41 milhões de toneladas, de acordo com o último levantamento do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Apesar da pressão sobre as exportações, o setor tem mostrado capacidade de adaptação, redirecionando embarques e fortalecendo relações com novos parceiros comerciais. “Outros mercados estão crescendo, e o Brasil vem se organizando melhor para levar uma mensagem mais forte lá fora”, diz Fontes.
Esse movimento vem acompanhado de uma mudança na comunicação internacional do café brasileiro, que passa a se posicionar com mais clareza sobre sustentabilidade, rastreabilidade e qualidade. “O Brasil está aprendendo a contar melhor sua história, e isso é essencial num cenário de competição global. Não é só vender café — é mostrar o que está por trás dele”, acrescenta o CEO.
