Crise de preço desafia cadeia produtiva do arroz

O mercado de arroz brasileiro atravessa um momento delicado de crise, marcado por uma acentuada queda nos preços desde o início da colheita de 2025. A desvalorização do grão em casca, que atingiu R$ 67,19 por saca de 50 quilos em junho — patamar 41% inferior ao do mesmo mês no ano passado, segundo relatório do Itaú BBA —, tem pressionado as margens de lucro tanto de produtores quanto da indústria orizícola.

A conjuntura sinaliza uma tendência de rentabilidade apertada na safra 2024/2025, o que acende o alerta para possíveis impactos negativos nos investimentos destinados à temporada 2025/2026. Com receitas em queda e custos ainda elevados, o setor pode enfrentar dificuldades para manter o nível de tecnologia e produtividade nos próximos ciclos.

Crise no arroz desafia também a indústria

Na indústria, o cenário também é desafiador. Apesar da maior oferta de arroz e da consequente redução no custo da matéria-prima, outros componentes da cadeia produtiva — como logística e embalagens — seguem com custos elevados. O repasse desses custos ao varejo, contudo, esbarra em um consumo retraído e em redes supermercadistas mais conservadoras, que operam com estoques mínimos e resistem a aumentos nos preços.

O desequilíbrio também é percebido no mercado atacadista. Embora os preços tenham recuado, a queda foi menos intensa que no campo. A diferença entre os valores pagos ao produtor e os praticados no atacado tem estreitado ainda mais as margens da indústria, que agora enfrenta o desafio de comercializar estoques comprados a preços altos durante o ciclo anterior.

Além disso, a boa disponibilidade de arroz no Mercosul e a cotação do dólar em níveis mais baixos tornam as importações — tanto de arroz em casca quanto beneficiado — mais atrativas. No entanto, essa entrada de produto processado de outros países acentua a pressão sobre a indústria nacional, que já se vê obrigada a competir com grãos importados mais baratos em um ambiente interno de demanda fraca.

Diante desse quadro de crise, a cadeia produtiva do arroz vive um período de forte ajuste, no qual o equilíbrio entre oferta, preços e consumo se torna fundamental para a sobrevivência dos agentes envolvidos. A forma como produtores e indústrias reagirão a essa conjuntura será decisiva para definir o rumo da próxima safra — e, talvez, do setor como um todo nos próximos anos.

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